Yogi Bhajan, o Apocalipse dos Relacionamentos
Sat Nam, querida Família,
“Era uma vez, há muito tempo, uma época em que os relacionamentos nasceram. Quero dizer, há muitas vidas, milhares de vidas atrás, esta dança começou. Você acha que é livre? Você nunca é livre. Para o bem ou para o mal, seus relacionamentos seguirão você através dos tempos. Só há uma maneira de se livrar desse karma.” Eu não podia esperar para ouvir a próxima frase dele (Yogi Bhajan). Como nos soltamos? Como nos rendemos? Como saímos desta roda? Como podemos superar apegos profundos?
Estávamos sentados em volta de uma grande mesa, no Estado do Novo México, EUA, há muitas décadas atrás. Era época do solstício de verão, então, muitos estudantes estavam sentados com nosso amado professor. Alguns antigos, alguns novos, todos expostos à sua verdade. Foi um tempo em que Yogi Bhajan pôde se expandir e ensinar intimamente e universalmente ao mesmo tempo. Foi um tempo para o seu dever e seu prazer. Foi a estação da graça.
Ele muitas vezes aproveitou essas ocasiões para colocar as coisas em uma outra perspectiva, a sua perspectiva. Na verdade, outra dimensão. Fui abençoado por ver estes ensinamentos maravilhosos muitas vezes. Era um ensino criativo, um ensino dinâmico, direto e muito eficaz. Assim era, porque ele era Doutor em Comunicação, certificado e qualificado.
Ele sabia que nem todo mundo iria ouvi-lo. De fato, muitos iriam discordar ou não gostar dele. Mas, como ele costumava dizer, qualidade, não quantidade, é o que sustenta este Dharma”. Ele estava disposto a sofrer flechadas de muitos, a fim de sustentar a obediência de alguns. Seu foco não era ele próprio. Ele era seu próprio guru. E essa era realmente a única razão para segui-lo. Isso é o que o fez real. Isso é o que lhe dava a condição de um ser confiável.
No momento em que ele estava prestes a dizer como sair da roda do vício, um dos alunos cutucou e disse: “Mas, senhor, eu amo a ideia de estar com meus parentes e amigos, ainda por um tempo muito longo”. Isso quebrou a energia de algo no qual eu estava fervorosamente interessado e me irritou. Comecei a pensar em como redirecionar a energia de volta para sua próxima sentença. Não, eu não era tímido!
Antes que eu pudesse abrir minha boca, o Siri Singh Sahib, Yogi Bhajan, disse: “Oh, isso é uma raridade! Você é sortudo. Você e suas relações são tranquilas. Você sabe o quão afortunado você é? Você é uma pessoa rara, você é um em um milhão, não, você é um em quinhentos milhões, mas karma ainda é karma, não importa o que aconteça.”
Isso me fez pensar. “O que ele quer dizer com uma pessoa rara? E, mais importante, por que não importa se é bom ou ruim? Por que essa experiência está longe de ser uma amostra justa? O que isso tem a ver com a eliminação do karma?
Então me dei conta, “Se é sobre eliminar o karma, então, se eu gosto de meus amigos e familiares ou não, não é mais a questão. A questão torna-se, faço como eu gosto ou faço como devo? Se meu professor está me dizendo que o jeito que eu penso não é o jeito que todo mundo pensa. De fato, quase todo mundo tem relacionamentos malfadados e, para eles, eliminá-los seria uma tremenda benção. Portanto, tudo em que eu preciso focar é na eliminação desse carma, ainda que eu queira ou não fazê-lo?
As coisas ficaram claras. Minha raiva quase me impediu de ganhar uma das grandes lições da minha vida. Sem a interrupção desse aluno, eu nunca teria entendido a necessidade constante de eliminar o karma, todo o karma, o bom e o ruim. Chegamos de mãos vazias e vamos de mãos vazias.
Então, para minha alegria, nosso querido professor conclui: “O caminho para eliminar o karma é penetrado através do portão do querer eliminar o karma. Isso parece fácil, mas não é. Não, não pareceu fácil para mim. “Querer” é o primeiro passo para o compromisso. Compromisso significa passar por tudo o que for necessário, qualquer que seja a dor e o desconforto, a fim de continuar fazendo todas as coisas que este Dharma oferece na eliminação do karma.
Sadhana, seva, bana, bani, obediência, disciplina, japa e libertação, compromisso significa compromisso, não há retorno. Compromisso significa “aconteça o que acontecer”. Compromisso se torna confiança. É aí que o compromisso está completo. E não há mais o compromisso necessário. Compromisso se torna quem você é. Relacionamentos passados tornam-se pó apenas para reaparecer como bênçãos quando a poeira se instala. Você começa a entender que tudo em sua vida é sua bênção. Essa visão, essa perspectiva, permite que Deus conduza sua vida. Que benção!
Ele continuou: “Há muitas maneiras de eliminar o karma, praticamos muitas delas, mas o Guru diz que a maneira mais fácil é permitir que ele, o Guru, ajude no processo. Isso é feito através do Japa, repetindo o nome de Deus. Utilize todas as outras maneiras, mas não deixe de fazer o Japa*.”
O que mais há para dizer, esteja atento,
Na humildade do serviço e gratidão,
MSS Hari Jiwan Singh Khalsa
Chefe do Protocolo
Representante da Sangat
*Japa – repetição de palavras sagradas, que instruem a mente no caminho da consciência.
Tradução – Surjeet Kaur